Psicóloga da Educação de Gaspar atende com cão guia em socialização

A psicóloga Thais Simone Franca Burtuli trouxe a cadela Ipa há cerca de um ano para o Serviço de Fonoaudiologia, Psicopedagogia e Psicologia Escolar (Sefoppe) da Secretaria Municipal de Educação. Uma labradora de cor preta em treinamento de socialização para auxiliar pessoas com deficiência visual. Como parte da socialização, a cadela virou parceira do Sefoppe.

O Sefoppe atende as crianças da rede municipal de ensino, que são encaminhadas pelas próprias escolas. São alunos que têm alguma dificuldade de desenvolvimento e rendimento escolar e que passam a ser atendidos pela equipe. Atende também a demanda das escolas estaduais, CDIs, creches domiciliares, também do Conselho Tutelar, abrigos e unidades do SUS. Os trabalhos são realizados em colaboração com outros órgãos. Atualmente o Sefoppe atende anexo à Secretaria de Educação (Semed) e conta com três psicólogos(as), psicopedagoga, fonoaudiólogo, a coordenadora Maria das Graças da Costa e um estagiário.

Thaís explica que seu trabalho, além de cuidar do cão, é fazer a socialização dele nos ambientes públicos e privados. Conforme a lei decretada em 2005, é direito da pessoa com deficiência visual permanecer em qualquer local destinado ao público, aberto ou fechado, bem como em transportes públicos, com seu cão guia. Essa socialização é também uma educação comunitária, para que cada vez mais, as pessoas tenham consciência desta lei, de como reagir nestas situações e não levar a pessoa a alguma situação vexatória. Sem esquecer de que o seu não cumprimento é penalizado com multa.

A psicóloga conta que conheceu o projeto, via Instituto Federal de Santa Catarina da Cidade de Balneário Camboriú e trouxe para cá. “Este já o meu segundo cão. Já tive o Eddy. Já que o objetivo do programa remete à acessibilidade e a disseminação de informação para os moradores a respeito de cães guia, solicitei autorização da Prefeitura para e a parceria veio forma positiva”, conta Thaís.

Ela explica que o cão acaba participando dos atendimentos, auxiliando tanto no seu treinamento quanto as crianças. “A Ipa fica comigo durante os atendimentos, as crianças aprendem que quando o cão está com seu colete, identificando-o como cão guia, ele na verdade está trabalhando, não se deve fazer carinho ou chamar a sua atenção. Mas há sim momentos em que eu retiro o colete e as crianças podem fazer carinho e brincar de forma correta”, explica. Outro aprendizado que é repassado às crianças, é a questão de que ao ver um cão guia na rua, não se deve chamá-lo, pois como ele está guiando uma pessoa, distraí-lo pode ocasionar em acidentes.

Cães Guia

Os cães nascem no centro de treinamento, onde ficam alguns meses e recebem os cuidados e preparos iniciais para se tornarem cães guia para pessoas com deficiência visual. Entre 4 e 5 meses, esses cães começam a ser destinados às famílias cadastradas interessadas em socializar o animal. O programa é um trabalho totalmente voluntário. O cão, junto da família, passará pelo processo de socialização (cerca de 1 ano e meio), volta para o Centro de Treinamento e depois é destinado a outra pessoa, que fará o adestramento para a guia de pessoas cegas. Após todos estes treinamentos, ele está pronto para ser doado, onde passará a ser o cão guia de uma pessoa cega, cadastrada no programa. O cão também é adestrado a se comportar em público e a não fazer necessidades em locais irregulares.

O processo de doação do cão guia, segue alguns critérios, a pessoa cadastra-se via internet onde passará a integrar a fila de espera. Ao ser selecionada a pessoa começa a receber o cão para análise de compatibilidade entre o cão guia e o dono. Como cada pessoa tem uma rotina diferente, esses cães precisam se adaptar, do mesmo modo que o cão tem suas particularidades que devem ser atendidas da melhor forma. Por exemplo, uma pessoa que consegue caminhar mais rápido, recebe um cão compatível.