Maio Laranja: mês do Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

Hoje, dia 18 de maio, é considerado no Brasil o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O dia pertence ao Maio Laranja, um mês com a intenção de gerar debates de prevenção e conscientização sobre o cenário brasileiro quanto ao abuso e exploração de jovens no país. Neste ano, a campanha é realizada pelas plataformas digitais do Conselho Tutelar de Gaspar, com posts e indagações sobre o tema.

Na página oficial do Conselho Tutelar estão sendo realizados posts sobre o tema, com os sinais que podem ser encontrados e números atualizados do abuso e exploração sexual no Brasil e em Gaspar. Além do município, uma campanha nacional foi organizada por meio das redes sociais. Com a tag #maiolaranja no Twitter e Instagram, as pessoas estão compartilhando cartilhas por meio de stories e tweets para alertar as pessoas sobre o assunto. Além desta campanha de compartilhamento, muitas pessoas estão mudando suas fotos de perfil para uma imagem laranja, cor do mês de conscientização, e explicando porque da mudança por meio de um post informativo.

No ano anterior, a campanha Faça Bonito em Gaspar foi incisiva e gerou grande alerta na população gasparense por conta dos depoimentos de vítimas, de forma anônima, em banners, cartilhas e outdoors espalhados pela cidade. Além de acompanhar o mês com muitas ações socioeducativas nos CRAS e CREAS de Gaspar, além de visitas as escolas para a distribuição de panfletos e cartilhas.

Neste ano, a campanha virtual foi necessária por conta do coronavírus e a necessidade de distanciamento social entre as pessoas para o combate ao Covid-19. No entanto, não há como fechar os olhos para os dados apresentados onde mais de 70% dos abusos são realizados em casa, por meio de parentes e pessoas próximas da criança e do adolescente. Em que apenas 2% dos delitos são de fato denunciados. Por conta disso, a campanha é necessária, mesmo que adaptada.

As ações por meio da internet continuam com o objetivo de conscientizar, prevenir e gerar ações socioeducativas para as crianças e adolescentes. Além disso, a campanha serve para abrir os olhos dos adultos quanto a sinais que as crianças podem apresentar e também alertar a própria criança ou adolescente. Pois, quanto mais à criança conhece seu corpo e seus limites, mais rápido a constatação do abuso pode ser feita e denunciada.

Neste ano, maio está diferente de seu habitual, no entanto, a campanha deve ser ainda maior. Um olhar atento para a criança e adolescente pode ser um diferencial neste momento. Observar sinais como mudanças súbitas de comportamento ao ver ou ouvir o nome de alguém, regressão a comportamentos já abandonados, como por exemplo, chupar dedo ou manias antigas, dores pelo corpo ou região intima sem motivo aparente, alterações nos hábitos de alimentares e de sono, dificuldade de concentração, isolamento e timidez exagerada, sentimentos de culpa em relação a tudo e todos, entre outros sinais de que as coisas estão erradas no comportamento da criança e adolescente.

O olhar atento e a denúncia são grandes aliados neste momento. Usar sua voz por aqueles que não são capazes é essencial para a prevenção contra a violência sexual infanto-juvenil. Para denunciar, basta ligar para o número 100, acessar o aplicativo Direitos Humanos Brasil ou enviar a denúncia via a ouvidoria do ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. O Conselho Tutelar de Gaspar também atende pelo número (47) 3332-0193 para realizar denúncias.

Dados sobre Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Brasil

Apenas em 2019 o Disque 100, canal oficial do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, registrou 42.585 denúncias no âmbito da defesa dos direitos da criança e do adolescente. Cerca de 38,91% das denúncias envolviam violência física, 21,32% violência sexual e 4,63% exploração do trabalho infantil.

Dentro dos números apresentados, abuso sexual chegou a 80,15% e exploração sexual a 14,85% e estão como as violações mais denunciadas em 2019 para este grupo. Seguidos por pornografia infantil (12,10%) e sexting – prática de enviar mensagens, fotos ou vídeos sexualmente explícitos pelo celular – (1,64%). As vítimas têm, em sua maioria, de 4 a 11 anos (42,07%). Em 2019, dados divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos relevam que, em 2019, foram registrados 11 mil denúncias de violação sexual contra crianças de 0 a 3 anos.

Os dados destacam que grande parte das violações contra crianças e adolescentes são cometidas dentro da casa da vítima. 39,46% pelo padrasto ou madrasta, 18,45% pelo pai e 3,43% por familiares próximos. A relação do suspeito com a vítima do suspeito com a vítima não foi identificada em 17,62% das denúncias.

Os dados alertam e surpreendem aqueles que não se atentam ao cenário nacional atual, por conta disso, campanhas como a do Maio Laranja são tão importantes. Não se cale, denuncie!